terça-feira, 24 de junho de 2008

O Jornalista e a necessidade de sê-lo.

Nunca pensei que fosse eu adentrar o universo soturno da transgressão. Sempre fui semi-acomodada, parte revoltada, quase burguesa, parcialmente triste. Fui, até hoje, uma pessoa pela metade. E é coisa muito séria perceber-se como ser humano mediano, mundano, beltrano. Mais um entre tantos, desprovido de coragem, quiçá caráter, para combater as mazelas as quais percebemos diariamente pelas janelas dos coletivos urbanos das grandes metrópoles.

O que vi há alguns pares de dias fez com que eu mudasse meu viés de análise da pior forma possível: a auto-tragédia. Querem desregulamentar a profissão à qual dedico minha formação. Pretendem retirar de forma torpe, ilegal e facínora o direito ao diploma de comunicólogo-jornalista. Não há sequer um motivo plausível –além dos gordos bolsos e de interesses fétidos das grandes corporações- a dar aval a esse intento. Tirar o direito a exercer um jornalismo ético, centrado e aplicado é crime contra o povo, contra a nação, contra a democracia. A fim de clinicar, advogar ou lecionar necessita-se de formação específica, e isto parece lógico e racional num primeiro instante. Faz-se necessário esmiuçar as mais variadas partículas de cada ciência, desprender delas as minúsculas parcelas de método e técnica. É a práxis, o treino, período imprescindível para a formação do profissional, em todas e quaisquer áreas.

A ética não nasce junto ao homem, como defendem muitos autores. Ela deverá ser trabalhada, abordada, discutida e criticada a fim de atender aos interesses da coletividade, do povo, do todo. Interesses medíocres e mundanos daqueles que apenas pretendem perpetuar a ignorância coletiva e a alienação capitalista em prol de seus objetivos não podem ser a base da comunicação social. Não poderemos assistir à tirada de mais um direito básico e vital do cidadão brasileiro! O direito à informação crítica, comprometida com a verdade, esclarecedora e imparcial é dever de todo profissional jornalista e direito do país, já tão estigmatizado pela escravidão intelectual imposta pelas grandes potências.

Bastará criatividade e alguma espécie primária de talento para o exercício de uma tarefa carregada de tamanha responsabilidade e comprometimento? Não perceberão aqueles que comemoram com esta medida que ela apenas visa criar mais e mais protótipos humanos a servir aos interesses das grandes empresas que governam o Brasil? Não conseguem visualizar que os futuros “jornalistas” que o distinto senhor Severiano Alves pretende lançar ao mercado trabalharão horas e horas por salários de miséria, apenas para sustentar os interesses de empresas milionárias?

Convido a todos para a luta! Não para a luta banalizada, escancarada, violada. Convido-o para adentrar ao front do esclarecimento, da defesa da verdade e da democracia. A informação séria e consciente é parte constituinte da evolução intelectual de um povo. Nós, como estudantes, profissionais, e principalmente como povo a ser lesado por tal medida temos, não só o direito, como o dever de repudiar tal liminar! Avante, brasileiros, lutemos contra a burrice e a ignorância. Comunicação sem diploma, não!

Texto elaborado pela acadêmica de Jornalismo Ananda Halberstadt Müller

23 comentários:

O Cérebro disse...

Ananda;

Li atentamente o que escreveste, mesmo. No entanto, me senti na obrigação de te mandar essa carta, desculpe-me se faço de forma pública.

Para mim, tudo a que te referiste está certo e errado ao mesmo tempo. Tua argumentação parte da premissa única e exclusiva que o conhecimento só está nos bancos das universidades - e isso é altamente excludente, injusto.

Meu pai é motorista de ônibus e só estudou até a quarta série. Minha mãe vende cosméticos e não foi além da quinta série. Eles dois queriam - e ainda querem - que eu me formasse. Ensinaram à minha irmã e a mim o valor das pessoas simples, que tomam decisões difíceis levando em consideração a falta de recursos a que a vida os submeteu. São brasileiros como todos nós.

Faço parte da primeira geração da minha longa árvore familiar que chegou ao vestibular. Tinha uma faixa escrito "bixo" com o meu nome embaixo na frente da minha casa no dia em que a Zero Hora publicou a lista dos aprovados na Unisinos, em 2000.

Minha mãe chorou naquele dia.

Todos os irmãos e ela própria vieram do interior trazendo no coração os valores da terra e não mais do que alguns trocados.

Eu - e eles todos - nos sentimos profundamente ofendidos quando lemos sugestões de que pelo fato de alguém não ter diploma de jornalista está atendendo a interesses mesquinhos de grandes corporações da mídia ou que podem estar mais sujeitos à falta de compromisso, responsabilidade e ética do que outros.

Vivo de contar notícias nesse tempo todo. Sou reconhecido na minha cidade pelo que de bom eu produzi e me orgulho muito disso. No entanto, não tive a mesma oportunidade que tiveste de freqüentar, até o fim, a faculdade que me daria o diploma que outros dispõe.

Nunca pensei em ser jornalista por me faltar ética, para promover a corrupção, para atentar a favor da desinformação geral ou localizada. Exerço o meu ofício exatamente para combater o que vejo de errado, o que polui a atmosfera social onde vivo e para defender o que considero justo.

Esse é o aspecto em que considero o teu discurso um erro. O diploma de jornalista em si não atesta a qualidade de ninguém, não difere quem tem compromisso com a verdade e quem não o tem. Especialmente em um país desigual como o Brasil, o diploma é uma conquista disponível para poucos. Legal que esteja para ti. Para mim, ainda não está.

A parte correta do que dizes é que a universidade muda as pessoas - para mim, foi o melhor ambiente em que já convivi. Queria ter condições de aliar o ensino que oferecem com o que já aprendi sujando as mãos na redação do jornal que ajudo a levar às pessoas todos os dias nos últimos anos.

Obrigado pela atenção e me desculpe se esse desabafo, às vezes, parecer meio carregado. Entenderei se não for levado em consideração.

Rodrigo Becker
jornalista de ofício, não de formação.

Jornadas de uma Foca disse...

Caro senhor Rodrigo Becker!

Usarei do mesmo artifício para respondê-lo: o meio público, pois o penso como a melhor maneira de resolvermos nossos conflitos ou desentendimentos quando estes se colocam na esfera a qual debatemos.

Achei deveras interessante seu relato. Não que mobize a outrem (aliás, acredito que nossas histórias pouco valem quando transpõem as janelas de nossas almas), contudo minha família é interiorana tal qual a sua, meus pais não possuem formação secundária (quem dirá universitária)e manter-me em Santa Maria não é nenhum mar-de-rosas. Pressupostos levianos acerca da facilidade ou da dificuldade de conduzir a vida não poderáão ser colocados neste debate como contra-peso. Todos passamos por problemas, quedas e dificuldades, o que não deverá servir de base para sustentarmos nossos ideais e afins. Podemos nos valer deles, mas não utilizá-los de forma leviana, procurando comoção pública como você fez. Acho por demais infantil, egocêntrica e auto-piedosa sua atitude, mas não lhe tiro o direito a explicitá-las ou lamentá-las. E fico feliz que você esteja obtendo sucesso em seu caminho, um sinal de que esforços valem a pena.

Agora, ao que de fato interessa. Concordo que os bancos universitários jamais formarão caráter e serenidade por osmose. É papel do acadêmico filtrar e absorver os pontos positivos e os pontos negativos aos quais ela nos expõe. Tenho convicção de que não seremos dignos de um emprego apenas por frequentarmos um curso superior. Tenho, no entanto, certeza maior ainda que o oposto também se faz válido, e por demais! Como você mesmo disse, a universidade auxilia no processo de formação, e pelo que me parece, encontro um certo tom de ressentimento pela não-conclusão de sua faculdade. Logo, posso inferir disso que você valoriza, tanto quanto todos nós, o valor e a legalidade de possuirmos um diploma, direitos trabalhistas e afins como quaisquer outras classes deste país.

Não sejamos hipócritas, por obséquio! Jornalistas por formação ou não, convenhamos que a necessidade e o direito à conclusão e graduação superior é uma premissa que se aplica a todas as áreas, e não me parece racional ou sensato abrir "brechas" em alguns desses setores. É nitido que estas lacunas se abrem aos interesses de grupos dominantes, você melhor do que ninguém, quando lamenta o encerramento de seus passos no meio acadêmico, sabe o quanto um diploma o auxiliaria em sua carreira.

Acredito que jornalistas por "convicção" possam fazer um ótimo trabalho, e não pretendo retira-lhes seu direito. Todos devemos e podemos lutar por uma nação mais digna e justa. No entanto, creio que todos que defendem este posicionamento, como você, caro Rodrigo, devem convir que é nosso direito, como acadêmicos que somos, a buscar a garantia de nosso futuro profissional. Não queremos seu lugar, não queremos seu espaço! Apenas requisitamos o direito básico à nossa graduação, à nossa formação e ao direito alienavel do povo de usufruir um jornalismo crítico, positivo e audaz.

Não que você não o possa fazer, mas não nos tire o direito de defender a democracia. Já sofremos demais com a perpetuação da ignorância para retrocedermos na esfera intelectual desmerecendo uma das mais valiosas profissões que compõe a esfera social.

Nosso desejo é apenas nosso direito! Nada além disso! Uma vez que respeitamos seu espaço e sua opinião, faço o mesmo em relação a nossa conduta. Não será vantojosa a desunião, afinal, graduados ou não, somos colegas! Ratifico que não pretendemos desqualificar àqueles que exercem o ofício informalmente, contudo, desqualificar o jornalismo é desqualificar a todos nós! Nossa ciência não é adquirida pelas lágrimas de nossos familiares, infelizmente. Se assim fosse, nosso país estaria repleto de sábios e gênios. Quiça se assim fosse, não necessitaríamos ouvir absurdos levianos como a liminar proposta pelo senhor Severiano Alves.

Compactuar com este passo é caminhar para a escuridão.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Acontece que nossa vida concreta é regida por leis. E caso elas não mais nos aceitem com PROFISSIONAIS, estaremos à mercê da piedade alheia.
Respeito o teu desabafo, mas me parece que tu não conseguistes pegar o cerne da questão. Além do mais, com esse texto, ao invés de nos ajudar, tu dás espaço para críticas e para depreciações. Ou seja, foste incoveniente.

E, desculpa-me dizer, se és jornalista por ofício, não o és, de verdade, perante teus "colegas".

Juliana Bevilaqua disse...

Caro Rodrigo!
Tu te recordas do caso do falso médico de São Sebastião do Caí? Bem, se trata de um cara que não conseguiu concluir o curso de medicina (não pelas condicções financeiras, mas por não ter atingido as médias exigidas). Então, ele resolveu falsificar um diploma, fez concurso pra prefeitura de São sebastião do Caí e atendia pessoas naquela cidade. Foi descoberto porque pacientes que ele havia atendido morreram por negligência médica. E ai, o que tu me diz? Achou um absurdo? Pois é, eu também acho um absurdo vc atuar como jornalista sem diploma. Se minha carreira não der certo, acho que vou decorar o código civil e montar um escritório de advocacia.

Acervo Café Frio disse...

O diploma e a Universidade, Rodrigo, não formam caráter nem ética mas acumulam ao estudante de qualquer profissão o saber de como encaminhar teoricamente sua carreira sem prejudicar a ninguém.

- disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
- disse...

Não seja por isso. Minha mãe cursou até a 5ª série do fundamental, e como não tinha mochila para carregar o material, usava da embalagem do açúcar para não molhar seu caderno. Entrou na igreja grávida de mim (nessa história de Gata Borralheira, pelo menos fui a dama de honra), e casou-se com um feirante.
Minha história também é comovente! Faço Jornalismo em uma instituição particular, e estou lá apenas porque tenho desconto, caso contrário estaria debulhando contas de matemática para entrar numa universidade pública (uma vez que apenas não ingressei por causa dos números).
E se você pensa que acabou, espere, há mais! Sim, tem mais! A família da minha mãe me odeia, sou a ovelha negra da família, quando tudo o que faço é jogar a triste realidade e verdade naqueles rostos amargos.
Porque muitas pessoas preferem a mentira, a fantasia da vida em seu mundo ordinário à verdade, à realidade, que mantém os pés nos chãos.
É por isso que escolhi o Jornalismo, compromisso com a verdade, nada mais que ela.
Se eu quisesse ser jornalista por ocupação (como estão querendo transformar nossa profissão), seria uma mentirosa, que acreditaria em toda aquela dramaturgia política, sem questionar.
Basta você pegar o exemplo de Chateaubriand, que estereotipou o país que você vive como sinônimo de “sexo/suruba”, entre outros termos um tanto desagradáveis. Aí sim, você verá o grande retrocesso que o jornalismo sofrerá. Voltaremos aos primórdios do século XX!
Jornalismo não é para sonhadores!
Flavia Alli

Leandro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leandro disse...

bom, acredito que meus colegas falam por mim quando repudiam o comentário do senhor Rodrigo Becker...
eu prefiro não comentar, porque já estou profundamente exaltado na frente deste computador, e considero este blog um meio sério de debate com relação a questão pela qual estamos lutando!
entretanto, gostaria de deixar este link aqui, que mostra o senhor Rodrigo Becker em reportagem...afinal, creio que seja do interesse de todos saber quem é esse senhor, bem como para quem trabalha!
http://www.gravatai.rs.gov.br/noticias/impri
mir.php?id=10620

abraços a todos e até segunda, nessa manifestação que será o primeiro de muitos atos em todo o estado!

O Cérebro disse...

Amigos;

Parece que virou um bom passatempo tripudiar do que escrevi. Não era essa a intenção, na verdade - ser "inconveniente" ou provocar o desperezo de ninguém.

Quis demonstrar que a discussão do diploma não deve, por pura injustiça, fazer vilões os que hoje exercem a profissão de forma honesta - embora sem canudo nenhum. Sou uma pessoa, um indivíduo, com uma história, virtudes e um monte de defeitos. Nenhum deles, no entanto, faz de mim um criminoso - muito menos o fato de não ter terminado a faculdade, ainda.

Exatamente como vocês, estudo para ser o tal 'jornalista por formação'.

De modo que a discordância toda, se é que não me fiz entender ainda, é sobre como tratamos as pessoas que não tiveram chance de chegar onde estamos. Muitos são mesmos muito ruins, não têm condições de trabalhar e no entanto estão lá, a exercer um ofício tão digno quanto incompreensível para eles. Merecem ser apedrejados? Esquartejados em praça pública?

Não, claro que não. Devemos combater que donos de jornais tenham essa prática, paguem melhor, sejam mais comprometidos com a notícia do que com o faturamento - mesmo sabendo que tudo isso exemplifica o capítulo das lutas utópicas do jornalismo mundial.

O fato de existirem maus profissionais, no entanto, não transforma todos os diplomados em criaturas superiores, unicamente os capazes de fazer jornalismo com retidão de caráter ou coisa que o valha.

Levem em consideração que são seres humanos como vocês que circulam pelas redações - com diplomas ou não. Do contrário, estaremos apenas exercitando a intolerância - e toda a justiça do que propõe não terá valido a pena.

Novas saudações,
Rodrigo Becker

P.S. A matéria que o Leandro apresenta o link não foi escrita por mim, mas por uma jornalista formada que trabalha na assessoria de imprensa da Prefeitura de Gravataí. Até hoje, ninguém entendeu porque uma entrevista que fiz com o secretário virou a pauta dela - nem porque pegou um comentário que não fiz para usar como declaração.

O Cérebro disse...

Ah: ficaria muito feliz se quisessem ler o que tenho escrito nos últimos tempos, sem deboche.

Rodrigo Becker
jornalista de ofício

Ana Bittencourt disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leandro disse...

Caro senhor Rodrigo Becker

Gostaria de fazer alguns comentários em relação à sua postagem, bem como alguns esclarecimentos também:

1º não tornou-se um passatempo para nós "tripudiar", como o senhor disse, a respeito do seu texto, uma vez que não estamos "tripudiando" nenhum texto; estamos, sim, replicando, como nos é de direito, as suas declarações, de uma forma que condiz com nossas convicções, com as quais, me parece óbvio, vem o senhor por este meio "tripudiar". Sim, pois se tal título cabe à nossa atitude, tanto melhor serve justamente às suas declarações, uma vez que estas vêm contra o nosso posicionamento, bem como o posicionamento do Sindicato dos Jornalistas do RS e o da própria FENAJ, que nos apóiam amplamente!
A discussão, meu caro, adquire âmbito nacional. A FENAJ, em poucas semanas, iniciará uma campanha para conscientização da população. Ou seja, não é só uma posição de alguns estudantes "rebeldes" em um blog! E só para deixar claro, sei que o senhor não falou nada disso sobre o que escrevi neste parágrafo (não explicitamente!), antes que o senhor se antecipe e declare algo desse tipo. Caso não o tenha pensado, peço desculpas e agradeço.
2ºNão estamos querendo fazer vilões daqueles que não têm diploma. Inclusive nós ainda não o temos! Nossos inimigos são os interesses empresariais, aqueles que querem, cada vez mais, sufocar a voz dos jornalistas honestos e de bem, que , dotados de visão crítica e ética, desejam passar uma informação comprometida com a verdade e de qualidade para o público. Acreditamos que, uma vez formados, faremos jus a tal comprometimento. Para tanto, necessitamos de um órgão que saia em nossa defesa, afim de que tenhamos força para lutar contra um sistema há muito imposto a nós, e esse órgão é o Sindicato. Uma vez que o diploma deixe de ser um requisito para se exercer-se a profissão de jornalista, o que embasará o sindicato? O que garantirá a quem for interpelado pelo sindicato que seus membros são jornalistas capacitados, que merecem não só remuneração adequada, como adequadas condições de trabalho? Como farão os jornalistas para lutar pelo que o senhor chama, não sem razão (compartilho de tal ponto de vista!) de "o capítulo das lutas utópicas do jornalismo mundial." O senhor bem sabe que, mesmo havendo uma lei que exige o diploma de jornalista para se exercer tal profissão, essa lei não é respeitada, sequer cumprida. Estamos exigindo o cumprimento dessa lei? Talvez, implicitamente. Mas estamos fundamentalmente lutando por direitos e conquistas que nos pertencem e dignificam nossa profissão há décadas, direitos que ainda garantem alguma condição digna de trabalho, apesar de mísera! Por favor, não confunda nossos posicionamentos. O senhor não é o inimigo, é mais uma vítima, como nós seremos também , se não defendermos nossos direitos. Observe, entretanto, que, ao contrário do que o senhor parece pensar, não somos nós os seus algozes.
3ºÉ preciso deixar claro que não estamos, de forma alguma, declarando a superioridade dos possuidores de diploma. Acreditamos que a formação acadêmica é vital para um jornalismo crítico, ético e de qualidade. Entretanto, o canudo não é garantia de que o jornalista haja segundo tais preceitos. Infelizmente, existem os maus profissionais. O senhor pode ser um profissional que arraigue tais valores, não questiono isso de forma alguma, até porque não conheço seu trabalho. Não posso julgá-lo. Mas veja bem, se apesar de estudar ética e outros princípios que regem o jornalismo honesto, ainda existem maus profissionais, mesmo que com diploma, o que o senhor pode dizer em defesa de quem, além de não ter um diploma e ser uma mal profissional, nunca estudou, sequer tomou conhecimento de tais preceitos? Veja bem, não estou dizendo que este é o caso do senhor! Por favor, não me entenda mal. Rogo sinceramente que não o seja, agora que sei que o senhor trabalha sem formação, espero sinceramente e acredito que o faça de forma ética. Entretanto, como já disse, não posso de forma alguma julgá-lo, não conheço seu trabalho. Mas é mais um caso , eu espero, em que os bons pagam pelos ruins. Igualmente lamento, se o for. Infelizmente em nossas vidas, dependendo do caminho que escolhemos, acabamos passando por tal situação.
4ºAlguns desses, por mim acima citados, podem até virem a ser criminosos, dependendo da forma como, inescrupulosamente, possam divulgar ou não um fato de interesse público. Entretanto, isso não é uma regra que se aplique a todos os não-diplomados. Neste ponto, assim como na maioria das situações, não cabe uma generalização, e de fato, ela nunca existiu da nossa parte. Nunca também declaramos que profissionais não-diplomados deveriam ser "apedrejados" ou "esquartejados", ou de qualquer forma maltratados. Houve, da parte do senhor, um certo exagero nesse ponto, acredito eu que para sensibilizar a opinião daqueles que lêem este blog. Ineficaz, no que tange a mim e alguns colegas que me comentaram a respeito. Fica meu questionamento: é dessa forma que o senhor pratica o jornalismo? Como já declarei acima, rogo sinceramente que não o seja.
5ºEste ponto tange à minha pessoa: não foi minha intenção apresentar a matéria por mim postada como de sua autoria. Minha idéia foi apresentar uma foto do senhor, bem como uma fonte que dizia onde o senhor trabalha. Talvez não tenha ficado claro, mas sei que o senhor trabalha para o Correio de Gravataí, e não para a prefeitura, caso seja esta uma dúvida sua. Caso contrário, desconsidere e desculpe.
6º Gostaria de deixar claro que, em nenhum momento, quis eu, durante esse texto, ser irônico ou até, como define o senhor, debochado. Assim como declarei antes, acredito que este blog seja um meio sério de debate para a causa pela qual lutamos. Em virtude disso, deixo claro que todas as palavras por mim acima postadas visam mostrar minha posição, tratando com respeito e consideração tanto meus colegas quanto o senhor. Espero ter sido corretamente interpretado.Posso ter parecido um pouco exaltado no outro post. Com relação à isso, peço desculpas a todos que vieram a ler este blog, em caso da minha pessoa pessoa ter faltado com o respeito para convosco.
E uma última proposição, uma dúvida que sinceramente me inquieta: Imagine-se, senhor Rodrigo, chegando a um hospital necessitando de atendimento com urgência. Estando todos os médicos ausentes, chega uma pessoa pessoa e declara para o senhor: "Veja bem caro senhor, exerço a medicina, mas infelizmente não tive condições de me formar. Acredito que o senhor não se importe e me dê crédito, pois sou um ser humano, e como tal, mereço uma chance, um voto de confiança." Independente de qual fosse a história do homem em questão, de não ter se formado por outro motivo que não seja condição financeira, pergunto eu ao senhor: o senhor deixaria que esse homem o atendesse, confiando sua saúde a ele? Colocaria sua vida nas mãos dele?
Acredito que a resposta seja bem óbvia.
O senhor, melhor do que eu, deve saber que uma palvara pode matar muito mais pessoas com um único mal uso do que um bisturí.
Desejo, sinceramente, que o senhor, bem como nenhum de nós ou nossos entes queridos, tenham que passar por tal situação.
Tudo de bom para o senhor, de coração!

Leandro Anjin
Estudante de Jornalismo
Jornalistas por Formação- Santa Maria

Leandro disse...

Mais um detalhe, a todos que possa interessar:
Passei por inúmeras dificuldades para estar cursando o curso que escolhi, acredito eu, por vocação. Tanto financeiras como de tantas outras maneiras. Se eu fosse listá-las , necessitaria de um blog só para fazê-lo. Não é minha intenção demonstrar que sou mais um Joseph Climber! Tais passagens hoje são lições que trago para minha vida, e que passarei para meus filhos. Não quero parecer vítima. Aliás, vítimas todos somos. Vi muitas histórias de dificuldade, apenas nesse blog.Me solidarizo com todas, sem excessão. Mas não tenho pena, pois acredito que todos que aqui postaram suas histórias não queiram a pena de quem as lê. Me sensibilizam, sim , as histórias que se parecem com a minha. Mas, acima de tudo, me inspiram.
Só o que quero que saibam é que nunca retrocedi.Nunca deixei de acreditar em mim e, principalmente, em Deus! Aqui estou eu, ainda em batalha, mas já conquistando. E é isso que me faz querer lutar por dignidade, não só pessoal, mas também profissional.
Sigam acreditando, perseguindo seus sonhos! Com Fé em Deus, perseveraremos!
Abraços!

Ana Seffrin disse...

Eu não apreciaria ser atendida por um médico sem diploma. Não admitiria que um filho, seriamente doente, estivesse sendo tratado por um profissional liberal qualquer. Não pretenderia separar-me de meu marido sem um bom aconselhamento jurídico, assim como não freqüentaria um dentista de incompetência sumular. Estamos falando de riscos. Atente-se aos fatos: a retórica até pode ser interessante. Emergindo o perigo, é melhor evitá-lo.

Agora, vejamos uma história incômoda a que nos condicionam. Implica fatalidades e como essas podem mostrar paradoxos. Por anos governos militares governaram esse país, e esses governantes, longe de questionarmos os métodos de governo que detinham, eram dotados de escasso e precário conhecimento sobre a ordem política, econômica e social. Sem diploma universitário, faziam o que lhes dava na telha. Durante tantos outros anos, os maiores conhecedores da medicina realizaram seus experimentos longe de qualquer cadeira universitária. Hoje, nosso país é governado por um homem sem diploma. Pergunta-se, pois, se um presidente, um militar, um médico, um advogado, precisam, de fato, de um canudo na mão.

Redundante ou não, não sei. Mas existindo um curso de comunicação social, suponho que os graduados sejam, em essência, comunicadores da sociedade, informantes, o que seja. O vocábulo “jornalista” prediz pouco ou nada. Comunicadores que trabalham em jornais, em televisões, no mundo da informação. O mundo da informação não é apenas o jornalismo. O que fazemos nesse momento, por exemplo, é a criação tácita de uma informação virtual, o que nos torna virtuais informantes. O jornalismo, enquanto imprensa periódica, oriundo de algo chamado jornal, também periódico, é a produção de informações, mas num meio próprio para tal. O primeiro grande problema: jornalismo é um termo com estrutura própria e nem todo comunicador formado numa universidade pública ou particular –num curso de comunicação social- é, de fato, um jornalista. Há, inegavelmente, uma pretensão nesse sentido, mas o jornalista, segundo as pretensões claras gramaticais, tem tempo e espaço, precisa de mais, precisa estar enquadrado na pretensão histórica. Identifique o peão incomodando o caminho do xeque mate: o que diabos é um jornalista? Para ser jornalista, preciso de um canudo na mão?

Não, não sei, e não pretendo responder. Conheço pessoas que, muito embora não tenham canudo na mão, sejam excelentes “jornalistas”. São informantes, comunicadores sem canudo, e não precisaram passar por uma universidade para serem bons. Arrepia, é claro. Imagine um médico oncologista excelente que nunca tenha ido para a faculdade. Arrepia, dá medo, é incrível, e não tenho dúvidas de que são os paradoxos da sociedade. Imagine, pois, que sua confiança no mundo dos fatos tenha crescido com a palavra qualificação, estudo e conhecimento e, do dia para a noite, surgem pessoas qualificadas, com estudo e vasto conhecimento, sem graduação. Faz-me crer a existência de um problema de dimensões avassaladoras: graduar-se ou não, eis a questão?

Pretensões shakespearianas. Não possuo, de modo algum, qualificação de comunicadora social. Não me dirijo às massas sociais pretendendo informá-las sobre o que acontece no mundo hoje. Não tenho dúvidas de que minha formação não me permite exercer a tarefa de forma obliquamente sensata. Mas não posso esperar que pessoas que também não tenham formação tenham idéias semelhantes. Se não fossem as diferenças, não estaríamos discutindo isso.

Agarremo-nos na revolução silenciosa, mas, lembremo-nos: formação. Um dia esse país vai começar a acreditar na palavra educação e nesse dia nossas estruturas sociais vão nos mostrar que os paradoxos não são mais necessários. Porque o pseudo médico oncologista vai buscar formar aperfeiçoar sua perfomance num banco universitário. O jornalista sem canudo verá na universidade as portas da percepção.

A inflexibilidade e a incredulidade. A democracia que se faz de diferenças. Estamos vendo um longo e pesaroso retrocesso em matéria de educação em nosso país. O que podemos fazer? Indagar quanto a existência de paradoxos e lutarmos contra eles. Porque democracia também se faz de educação. Dúvidas que acabam. E o Supremo Tribunal Federal o guardião da Constituição de 1988, aquele que deveria obedecer os preceitos básicos de vida digna para todos, a concessão de direitos individuais e coletivos, o acesso a educação, nosso pequeno grande Supremo concedendo registros para jornalistas sem curso superior. Lembro-me de São Paulo, na época do acidente aéreo da empresa TAM. Alguém pichou, nas proximidades do aeroporto, os seguintes dizeres:

“Isto é BRAZIL”.

Aos comunicadores sociais na graduação, eu ergo a maior pergunta: não estaríamos tratando esses comunicadores como legítimas pretensões para tal?


Retaguarda: o diploma, a educação, é, indubitavelmente, uma arma de defesa na mão.

Anônimo disse...

Olá a todos
Sou acadêmico do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul. Na nossa cidade (e em todas as cidades deste Brasil) há falta de mercado de trabalho, uma concorrência enorme, pois a cada ano, pelo menos dez alunos saem diplomados da universidade, e isso é uma realidade recorrente e dura.
Mas a questão-problema toda é mesmo a falta desse diploma. Como vou poder dizer "Sou Jornalista"??? Vc já viu advogados, médicos, professores, dizendo "Sou Médico de ocupação, não de formação" (e a mesma regra valida a todas as profissões q exigem grau superior).
Ah, e eu sou colega de vários "jornalista de ocupação", que são ótimas pessoas, mas nem tão bons profissionais na ato da profissão (não entra ai a ética, pois ética é algo intrínscico ao nosso ser).

Portanto apóio a ação de repudio a essa lei estafúrdia.

Comunicação sem Diploma, Não Dá

PS: E que não me venham com histórias de vida difícil, pq a pessoa q não tem dificuldades é de outro mundo. se quiserem eu posso contar a minha tb.

Jornadas de uma Foca disse...

Ana, achei interessante seu posicionamento. Quando estiverem elaborando alguma lei que queira pôr por terra os diplomas dos ecônomos e dos advogados, lemrbarei de posicionar-me sobre o assunto. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, não é mesmo? O que parece estar sendo esquecido é que falamos aqui do destino da mídia de uma nação, do destino de toda uma classe graduada/graduanda que corre o risco de ficar à mercê das vontades elitistas.

Bem, se tudo der errado, podemos formar o MSD, movimento dos sem-diploma... É uma penba que seremos a ÚNICA classe nesta luta.

O poder do jornalista é de profunda importância, e os "grandes" já perceberam isso! Me impressiona que a sociedade, e principalmente aqueles que se colocam como os "pensadores" dela, não estejam dando o devido respaldo ao absurdo que vem se arquitetando contra o país!

Barbara Fieldsted disse...

sobre o comentário de Rodrigo Becker

"Especialmente em um país desigual como o Brasil, o diploma é uma conquista disponível para poucos. Legal que esteja para ti. Para mim, ainda não está."

O seu comentário me chamou muita atençao, a impressao que me passou é que você é um pessoa muito bem informada, porém ao ler o seu ponto de vista infelizmente eu achei algo errado nisto.
Quando voce nos passa a opiniao de que já que no Brasil o diploma é para poucos, entao o diploma nao precisa ser exigido; Se o diploma é para poucos você nao acha que ao invés de lutar contra o diploma, você deveria lutar a favor dele ?
ao invés de apoiar que seja banido o diploma para exercer tal funçao, nós devemos lutar a favor de pessoas que querem cursar jornalismo e nao conseguem, devemos lutar pelo direito de que o estudo universitário nao seja extremamente elitista, como ele é atualmente.

Você mesmo se contradiz ao mostrar com orgulho que faz parte da primeira geração
da sua família que chegou ao vestibular e depois dizer que o diploma (com isso a faculdade em si) nao é algo importante !
é claro que é algo importante !
Você sabe disso !

é uma pena que nao tenha conseguido terminar o seu curso, nao sei as razoes que te impediram, mas acredito que você deve lutar para que as futuras gerações, de sua família e de muitas outras famílias, nao só conquistem o direito de entrar na faculdade, mas também conquistem o direito de sair dela com o curso concluído !

Ana Seffrin disse...

Uma dos maiores motivos de irresignação no curso do direito é você passar cinco anos estudando leis, súmulas, entendimentos jurisprudenciais e os vastos diplomas jurídicos de outros países para, ao final desses cinco anos, ter um diploma de bacharel nas mãos para NADA. Ser bacharel em direito é o mesmo que nada, não serve para nada; até serve, se você ficar alguns anos estudando para um concurso público e finalmente ser admitido num fogoso dia radiante. No final desses cinco anos você ainda tem que passar por um teste Supremo chamado Exame da Ordem dos Advogados. Trata-se de um desconforto. Porque você saí de um curso de jornalismo e é considerado jornalista. Saí de um curso de medicina e é considerado médico. Engenharia? É engenheiro. Arquiteto? É arquiteto. No direito? Você não é considerado advogado. Você é considerado bacharel, a ralé dos conhecimentos jurídicos no precioso entender de muitos que andam nos corredores de foros e tribunais. Se um acadêmico já é a ralé, e a culpa é sempre do estagiário, imaginem o bacharel.

Atrevo-me a dizer que as intempéries que cada curso subordina o acadêmico são absurdamente melancólicas. Acadêmicos de comunicação social passam anos na academia universitária a fim de se tornarem jornalistas e vêem-se paradoxalmente postos de lado pela justiça brasileira, quando essa permite que outros, sem diploma, exerçam a profissão.


Talvez eu não tenha me feito suficientemente clara. Quando estiverem elaborando uma lei que ponha por terra os diplomas de advogados eu peço para que esse país se lembre que há alguns muitos anos muita gente vem colocando por terra os nossos diplomas. Não posso exercer a profissão da advocacia sem o exame da OAB, porque se o fizer, me constituir diante de uma pessoa enquanto procuradora, representá-la judicialmente, representar seus direitos oficiais perante um órgão público jurídico, eu vou presa. Presa. É crime, e a Constituição Federal que vá para o espaço, porque os meus cinco anos de universidade não serviram para nada. Não se trata de qualificarmos pimenta nos olhos dos outros enquanto refresco, mas entendermos o triste reflexo de que nesse país a maioria dos problemas estruturais educacionais decorre da falta de educação.

No comentário anterior quis mostrar alguns problemas léxicos-gramaticais da palavra jornalismo e enfatizar uma aspecto glorioso chamado formação universitária. Eu não entrego um filho doente para um pseudo-médico, assim como prefiro, por questões óbvias de conhecimento, ler e me informar com o que há de melhor e, nesse caso, em quase 95% dos casos o que há de melhor é oriundo da academia universitária. Identifico, todavia, interessantes “jornalistas” sem formação mas, nem por isso, defendo a posição desses caras sentados nas cadeiras do mundo da mídia, ocupando-se no seu ganha pão e esquecendo-se do fato de que uma cadeira universitária abre portas, é uma arma na mão, enfim, todos esses aspectos que tornam uma pessoa letrada e com conhecimentos.

Mas nós temos paradoxos. E eles, indubitavelmente, trazem essas discussões à tona. Tento enfatizar que há muitos anos nosso país naufraga no quesito qualificação e educação, e que, há muitos anos, o diploma universitário se tornou apenas um pretexto de existência do Ministério da Educação. Quando eu digo pretexto, quero dizer que há muitos anos nosso país insiste em colocar em xeque a universidade e o diploma e que, há muitos anos, o mais importante não é, nem de longe, a construção de pilares democráticos, mas sim a formação das moedinhas do Tio Patinhas para o Banco Central. É triste, eu sei. Quando deixarem de pisar nos diplomas da universidade e começarem a acreditar na palavra educação e esses paradoxos se tornarem meros problemas teóricos históricos, nesse radioso dia, os pichadores do acidente aéreo da TAM irão transcrever, nos muros ao redor do aeroporto de Congonhas, o seguinte:

Isto é Brasil.

Com “s”, por favor.

Primeiro Ponto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Primeiro Ponto disse...

o seguinte comentário encontrava-se acima deste:


" Primeiro Ponto disse...
Ótimo. Lindo eu diria. Monte um blog ou que melhor lhe convir e entitule "advogados sem OAB" ou qualquer coisa assim.

E escreva um dicionário, se gosta tanto assim de sintaxe, lexico, gramática e o caralho-a-quatro, com o perdão do termo.

Sim, eu estou cansada de pseudo-intelectualóides por aqui. E sim, isso pode me incluir, se vocÊs quiserem!

13 de Julho de 2008 15:13"

pois bem, não há consenso sobre essa opinião e deixo claro que esta não representa a mim nem a muitos outros membros do blog "Primeiro Ponto" por isso ele foi excluído.
No entanto seu conteúdo permanecerá incluído aqui pelo simples fato da importância de que todos o visuaçizem e percebam que ele não é unanimidade entre o grupo.
finalizando, acho importante que aquele que escreveu o comentario identifique-se e passe a se identificar nas suas demais postagens.

João Victor Moura

Anônimo disse...

A quem escreveu o comentário em questão: desabafos não cabem neste contexto.