sábado, 28 de junho de 2008

Diploma na mão é qualidade de informação

Iniciar um movimento não é fácil. É preciso comprometimento entre os integrantes, busca de argumentos e credibilidade e autoridade suficientes para dar corpo ao ato. Critérios esses que sempre buscamos na prática do jornalismo. Dessa forma, começamos a nos organizar para a defesa de um direito nosso e de toda sociedade.

Motivados pelas discussões e pelos debates no 33º Congresso Estadual de Jornalistas, que ocorreu em Santa Maria dias 13 e 14 de junho, decidimos que a hora da mobilização era agora. O movimento Jornalistas por Formação - Santa Maria pretende, a partir desse ato inicial, incitar os acadêmicos e a comunidade em geral a defender a lei que hoje regulamenta o diploma de jornalismo. Ou, ao menos, sua prática.

Sim. Como sabemos, a lei no Brasil precisa ser cobrada para que seja cumprida. O que vemos hoje são diversos meios midiáticos, principalmente em cidades do interior do país, contratando jornalistas sem diploma. Primeiro, porque não há abrangência nem profundidade de notícias suficiente. Segundo, pela precariedade estrutural dos meios, que não permitem a contratação de jornalistas registrados. Muitas oportunidades de emprego se perdem por essas razões, e a prática improvisada desse jornalismo é mais visto como um favor à sociedade, sedenta por informações locais, que não as fofocas de novelas e palavras cruzadas, muito comuns a esses veículos.

Um jornalismo sério, comprometido com os fatos e com a qualidade da informação, pode render em publicidade. Ou seja, nessa rixa histórica entre as classes da comunicação, o apoio dos publicitários pode ser rentável a ambos. Arrisco-me a dizer, também, baseado em fatos por mim presenciados, que o nível de alienação de uma comunidade pode ser medida a partir da qualidade jornalística a ela fornecida. E muitos desses jornalistas por ofício preferem acreditar no argumento contrário.

Baseado na campanha nacional da Fenaj, com o apoio do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, o movimento Jornalistas por Formação - Santa Maria ganha corpo, toma forma e inicia uma série de ações visando a defesa da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Dentre as ações, queremos unir forças com os cursos de Comunicação Social de todo o Estado, contato esse que será feito em breve, tendo em vista a urgência de tal mobilização.

Nosso movimento também busca o apoio de jornalistas formados no exercício da profissão. Tal credibilidade e autoridade que buscamos por meio desses apoios visa a uma maior conscientização da população bem informada que quer continuar a ser servida por informações desse teor.

A voz dos jornalistas sempre foi usada em defesa de muitas classes trabalhadoras do país. Chegou a hora de lutarmos por uma classe que ninguém costuma defender. A nossa!

Texto elaborado pelo acadêmico de Jornalismo Eduardo Covalesky Dias

11 comentários:

Ela disse...

Muito bom, Eduardo. Parabéns pela iniciativa de vocês e pela união de forças entre Unifra e Federal.
abs,

Ana Bittencourt disse...
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Ana Bittencourt disse...

Faço minhas as palavras da Glaise. Mas quero dizer também que fiquei triste agora... acabou de passar em frente ao local onde trabalho a galera que foi fazer manifestação. Gente... que pingo de gente. Eu imaginava no mínimo umas 50 pessoas, já que estão mobilizados UFSM e UNIFRA. Mas o que vi, foram algumas poucas pessoas, uma pena.
Eu só não fui porque estou trabalhando. E meu bondoso chefe não tá nem aí pra mobilização... :(

Felipe Severo disse...

Bem...
Na verdade haviam aproximadamente 50 pessoas na manifestação, embora visualmente não parecesse...

Acervo Café Frio disse...

Quando fazemos um bom trabalho ele deve ser orgulho para todos. Tanto para os que lá estavam, caminhando, gritando, panfletiando por uma certeza de que o jornalismo deve ser tratado com seriedade, já que é uma profissão de extrema importância e deve estabelecer regras de ética e honestidade para bem informar e não cusar danos à sociedade, como para os que não puderam ir mas estavam presentes na idéia. Glaise e Ana Bitten, agradecemos o apoio que recebemos de vocês logo que o protesto teve fim, sinal de que fizemos o que deveria ser feito: lutar pela causa sem fazer transtornos à população. Vimos atos de apoio, palmas, buzinas, vidros abertos para nos receber, lojas inteiras olhando para ver o que passava na rua e isso (falo por mim mas acho que aconteceu com todos) deu ao protesto um corpo, uma voz e alunos, colegas de futura profissão, uniram-se sem distinções de Escola, semestre e adiante, dando à manhã de segunda-feira uma cara de um dia em que fizemos a nossa parte para o bem de um todo. Agradeço colegas de UFSM e UNIFRA e até a próxima.

- disse...
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- disse...

A empolgação foi onipresente. Os olhares também.
O que me incomoda é que, apesar de toda a divulgação feita e a arrecadação de dinheiro nas turmas (de ambas as instituições), os estudantes de Jornalismo não compareceram na manifestação (pelo menos a maioria).
Gesticulam, gritam, debatem e quase se matam por posições ideológicas diferentes em frente ao quadro negro. Querem mudar o mundo! Resolver todos os problemas sociais do Brasil, enquanto, estando em um curso de comunicação SOCIAL, no qual embasa toda a opinião crítica do acadêmico... Não conseguem lutar para defender a própria profissão que irão exercer.
É lamentável o descaso dos estudantes, logo em Santa Maria, pólo educacional, que gira em torno das duas instituições, onde os cursos de Jornalismo estão entre os melhores do país.
Isto mostra meu profundo pesar sobre a situação em que nos encontramos. E não estou me referindo àqueles que não puderam comparecer porque estavam trabalhando, mas sim por aqueles que tramam motivos vis para esconder a preguiça ou a “falta” de consciência sobre os assuntos mais sérios postos em questão.
Acredito que essas pessoas precisem repensar sobre qual curso estão fazendo, pois tudo me leva a crer que não têm consciência e menos ainda opinião crítica.
Agradeço a todos que participaram e lutaram até os últimos sussurros das cordas vocais, até a pele derreter de tanto bater palmas e aos pés se retorcerem de bolhas.
Aos que não foram... Quando falarem “minha profissão é regulamentada”, não, ela não é, porque vocês não lutaram por ela, e são tão péssimos quanto aqueles jornalistas por ocupação!

Flavia Alli

Acervo Café Frio disse...

Flávia, queria ter escrito este texto...Parabéns.

Felipe Severo disse...
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Felipe Severo disse...

Concordo!

E acho que o texto da Flávia não se encaixa apenas entre os alunos ausentes, mas também aos professores. Não sei se assim foi na Unifra, mas na UFSM todos nossos professores foram avisados e convidados a se unir ao protesto, mas de todos apenas um compareceu.
Assim também ocorreu com os nossos veteranos, voteranos, Diretório Acadêmico e afins.

Uma pena! Lamentável!

Mas acredito que para um primeiro protesto, conseguimos superar nossos objetivos iniciais, talvez não em número de participantes, mas em alcance!

Parabéns a todos que participaram e se preparem para uma próxima!

Marlon Dias Prates disse...

boa escrita primão...é isso aí...boca no trombone contra a desregulamentação....é só o que faltava...